Estátua de D. Afonso Henriques Enaltece 900 Anos de História em Ponte de Lima | Peneda Gerês TV
- Jorge da Costa
- 15 de jun.
- 3 min de leitura
15 de junho, 2025.
Ponte de Lima assinalou a grandiosidade dos 900 anos da Carta de Foral com a inauguração de uma imponente estátua de D. Afonso Henriques. A escultura, que homenageia o primeiro Rei de Portugal e a intrínseca ligação do concelho à génese da nação, é um marco nas comemorações e um exemplo para todo o território português.

Na passada sexta-feira, o Município de Ponte de Lima deu um passo marcante nas Comemorações dos 900 Anos da Carta de Foral, com a inauguração de uma imponente estátua de D. Afonso Henriques. Implantada junto à Expolima, esta obra de arte não só celebra a história, mas também solidifica a intrínseca ligação de Ponte de Lima ao nascimento de Portugal.
A relação de D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, com Ponte de Lima é inegável e profundamente enraizada na história local. Evidenciada pela assinatura do Foral da fundação da Vila pela sua mãe, a Rainha D. Teresa, esta ligação é também marcada pela amizade entre D. Teresa e D. Henrique com D. Afonso Ancemondes, senhor de Refoios.
Um ano antes do Foral, em 1124, D. Teresa e D. Afonso Henriques doaram a Mendo Afonso um condado em Refoios do Lima, local onde seria fundado o Mosteiro de Santa Maria de Refoios. Este mosteiro, a mais relevante casa religiosa do vale do Lima, floresceu ao longo dos séculos e mantém-se hoje dinâmico, refletindo-se na vida da Paróquia de Refoios do Lima e da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). A presença do monarca é ainda imortalizada em lendas locais como a da Cabração e a do Rego do Azal, onde D. Afonso Henriques assume um papel protagonista.
A Obra Que Enaltece a História
A escultura em bronze, de matriz clássica, foi meticulosamente executada pelo escultor Elías Cochón Rei, a partir de um projeto conceptual de Joana Silva. Representando D. Afonso Henriques na idade adulta, a estátua destaca-se pela sua coroa volumosa, cravejada de pedras preciosas, e pela armadura detalhada: uma loriga de malha metálica sobre uma túnica e um manto que desce até aos pés. As suas mãos, protegidas por luvas, seguram um escudo em formato amendoado com a representação das Quinas e uma cruz de braços largos, e uma robusta espada de cavaleiro com pomo discoide adornado por uma cruz. Com 3 metros de altura e uma base de granito, a estátua pesa impressionantes 3 toneladas, o que equivale a uma tonelada por metro, como referiu o escultor Elias Rei.
Em entrevista, Elias Rei partilhou detalhes sobre o processo criativo: "O processo total, entre o esculpir e o moldar, foram uns 4 meses e partimos de um esboço de uma senhora daqui! Falei uma vez com ela por telefone e enviaram-me uns renderes e a partir daí, da segunda dimensão, passou à quarta!" O escultor destacou a força e o detalhe da obra, realçando o olhar profundo do monarca. "Chegamos à conclusão que o olhar da grandeza de um Nobre tem de ser vigilante ao seu povo e ao horizonte. Por isso se decidiu fazer assim!", explicou, sobre a decisão de posicionar o olhar da estátua.
Um Exemplo para Portugal e uma Nova Toponímia
Vasco Ferraz, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, sublinhou a importância desta homenagem. "Foi ele que criou o Reino de Portugal e foi através dele [...] que Portugal perdurou no tempo," afirmou, acrescentando que a peça dignifica a personagem e serve de exemplo para outros territórios portugueses. O autarca expressou o desejo de que "todo o território português ou todos os concelhos, pelo menos em todos os distritos de Portugal, deveria existir uma Memória destas à pessoa que criou Portugal."
A colocação da estátua trará consigo uma alteração toponímica significativa: a Praça da República passará a denominar-se Praça da Rainha e, especificamente neste local, Praça Dom Afonso Henriques. Vasco Ferraz acredita que esta mudança será pacífica, fruto de uma "concertação prévia com as forças políticas" para assegurar a aceitação da "grandeza deste gesto." Para o Presidente da Câmara, a alteração é uma homenagem justa a duas figuras cruciais que moldaram o território português. "Temos o Concelho de Ponte de Lima e temos os cidadãos que de certeza que são orgulhosos do mesmo e por isso não acredito, que tendo a política se concertado para que esta fosse uma realidade que agora possa haver alguma voz de contestação," concluiu.
A inauguração desta estátua em Ponte de Lima não é apenas a celebração de um marco histórico, mas também um tributo duradouro à figura de D. Afonso Henriques e à rica herança de um concelho que respira a história de Portugal.
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