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Foto do escritorFernanda Pinto Fernandes

Gerês Extreme Marathon voltou a juntar milhares de atletas no Parque Nacional da Peneda-Gerês



Nos dias 3 e 4 de dezembro, realizou-se a 8ª edição da Gerês Extreme Marathon e a 2ª edição do Extreme 90km com partida na aldeia da Peneda em Arcos de Valdevez.

Mais de 1300 atletas de 17 nacionalidades aventuraram-se a percorrer a dureza das estradas de montanha, sempre rodeados da beleza das paisagens do único parque nacional.

A edição deste ano arrancou no sábado dia 3 às 7h, com os atletas da Extreme 90k a iniciar o seu desafio no Santuário de Nossa Senhora da Peneda. O primeiro atleta a cortar a meta na Vila do Gerês foi Nuno Marques, da Tugzteam, com o tempo de 7:17:43. Em segundo ficou Emílio Carvalho, da Olimpico Vianense, com 07:24:15 e, no terceiro lugar João Rodrigues, dos Amigos da Montanha, com 07:29:57.


Já no setor feminino, Fernanda Verde, do EDV Viana Trail, foi a mais rápida a completar 90km com o tempo de 09:36:52. Em segundo ficou Patrícia Silva, do Break, com 10:09:21, e a fechar o pódio, Anabela Marques, do Academia de Desportos de Condeixa, com 10:14:44.


Pelas 11h30 da manhã arrancava a 5ª edição da Extreme Mile, num desafio curto mas bastante exigente e audaz. Com partida na Albufeira da Caniçada e com chegada no miradouro das Voltas de São Bento, o grande vencedor da Extreme Mile foi Alexandre Blasques que só precisou de 00:19:11 para bater o anterior Recorde e percorrer a totalidade do percurso e colocar-se no primeiro lugar do pódio. Já no lado feminino foi Renata Gonçalves, com o tempo de 00:25:20, quem se sagrou vencedora.


No Domingo dia 4, o primeiro atleta a cortar a meta na distância de 42 Km foi Oscar Mendes em 02:51:32, Águias de Alvelos, que pela primeira vez vence a prova rainha do evento, não dando hipótese aos seus mais diretos concorrentes. Partilharam o pódio os atletas Sergio Sá, do Águias de Alvelos com 02:55:16 em 2.º lugar e, no 3.º lugar, o espanhol Jose Bernárdez, do A.C. Castelos Trail Club com o tempo de 02:56:28.


Nas concorrentes femininas, foi Mariana Machado quem conquistou o lugar mais alto no pódio com 03:19:36. Seguiram-se Fátima Melo (Love Tiles) com 03:29:09 e Gisela Sousa (AD Marco 09) com 03:36:38.


A Gerês Extreme Marathon contou também com mais três provas em diferentes distâncias: 32 Km, 21 Km e 14 Km. Todas as provas tiveram partida e chegada no centro da Vila do Gerês.



ATLETA PORTUGUÊS DE 66 ANOS CONCLUI PELA 2ª VEZ A DURÍSSIMA ULTRAMARATONA DE 9O KM


[o texto que se segue é o testemunho de um participante da Gerês Extreme Marathon de 2022]


Pedro Amorim, 66 anos e mais de 66 maratonas e ultras...


Há, no panorama mundial, duas ultras míticas que fazem parte do imaginário de qualquer corredor de longas distâncias: a Badwater, no Vale da Morte na Califórnia e a Comrades na África do Sul. A Gerês Extreme Ultramarathon 90, a meu ver combina na perfeição elementos de cada uma dessas provas-rainha para se constituir como uma experiência única e um desafio de excelência. E sei do que falo, pois estive em cada uma dessas provas por três vezes e nos 90 do Gerês por duas vezes. Passo a explicar!


Na Badwater, 100 corredores enfrentam uma longa distância, sob calor extremo, no asfalto, e com um desnível acumulado positivo de 4000 metros. Fazem-no cada um com o seu carro de apoio e a eventual ajuda de pacers, pois não há abastecimentos. Tem lugar num Parque Nacional e por isso participação limitada a 100 corredores. Percorre um longo deserto e ascende a 2500 metros na Sierra Nevada. Cada ano muitas centenas de corredores procuram ter a sua inscrição aceite.


Na Comrades, a ultra mais antiga do mundo, para além da longa distância e das maravilhosas paisagens africanas, enfrentam-se subidas terríveis, cada uma com o seu nome, nomes cuja evocação assusta, e um acumulado positivo de cerca de 2000 metros. A partida é dada antes do nascer do sol e o percurso é em asfalto.


Na Gerês Extreme Ultramarathon 90 o Carlos Sá combina, na perfeição, características de ambas: a distância é igual à da Comrades e impressiona; o calor da Badwater é substituído pelas temperaturas negativas de dezembro, e este ano o termómetro desceu aos 6 negativos; a autonomia dos participantes e a possível ajuda de pacers emula o espírito de equipa tão importante na Badwater como aqui; as longas subidas e as descidas empinadas exigem o máximo das pernas e quanto a beleza natural o Gerês nada fica a dever ao Deserto do Vale da Morte ou ás verdes colinas de África!


A Gerês Extreme Ultramarathon 90 é uma experiência única e não necessitamos de sair do nosso país para viver desafios e emoções que alguns, poucos, vão procurar em eventos míticos na América ou em África. Das largas dezenas de maratonas e ultras em que participei, esta é sem dúvida a que coloco no topo: pela beleza do nosso Parque Nacional, pelos desafios extremos, pela qualidade da organização e pelo companheirismo que proporciona. No final o convívio é caloroso e a admiração dos últimos classificados pelos primeiros/as é igual à que os primeiros têm pelos últimos. E mais: acreditem que apesar de ser uma prova de estrada, desfruta-se da natureza de um modo que nada fica a dever aos melhores trails.


Nesta prova morre-se e renasce-se por várias vezes, mas ao contrário das provas de trail ou de estrada a que estamos habituados e em que tantas vezes nos encontramos sofrendo sozinhos, seja no sofrimento ou nas alegrias, aqui, tal como no bem conhecido hino, you will never walk alone, pois o apoio de familiares e amigos ao longo de toda a prova representa uma ajuda única e proporciona aos acompanhantes a possibilidade de viverem o desafio, de sofrerem e sorrirem em sintonia com o seu corredor.


Com os meus muitos anos de participar em provas e testemunhar a sua evolução, antecipo que em breve a procura de inscrição para a Gerês Extreme Ultramarathon 90 exceda largamente os 100 lugares disponíveis e que haja necessidade de sorteio ou de critérios para poder participar, pois recordo os dias em que não havia qualquer dificuldade na inscrição em provas que agora são de muito difícil acesso. Por isso aqui fica um aviso: inscrevam-se já para a prova de 2023 enquanto há vagas.






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