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“Guião para um País Possível”, de Sara Barros Leitão, estreia esta quinta-feira no Sá de Miranda

Sara Barros Leitão, que se estreou no mundo do teatro em Viana do Castelo, regressa à casa-mãe, no papel de dramaturga e encenadora, para apresentar “Guião para um País Possível”. Um espetáculo criado a partir dos registos oficiais do parlamento português, que contam os últimos 50 anos da nossa democracia. Sobe ao palco do Teatro Municipal Sá de Miranda, dia 7 de dezembro, às 21h00.





homem e mulher em palco, imitando políticos a falar no púlpito

“ - Peço aos senhores agentes da autoridade o favor de abrirem as galerias ao público. Renovo o pedido aos senhores agentes da autoridade para abrirem as galerias ao público.

Bom, determino que os senhores agentes da autoridade abram as galerias ao público!

Eu peço desculpa. HÁ UM SENHOR AGENTE DA AUTORIDADE QUE NÃO ESTÁ A CUMPRIR UMA ORDEM MINHA! Eu determinei que as galerias fossem abertas ao público e essa ordem tem de ser cumprida imediatamente!

Muito obrigada. Vamos, então, iniciar os nossos trabalhos.”


Está feita a ordem de entrada para o Parlamento português. É desta maneira que se inicia Guião para um País Possível, nesta sessão que começa a contar os últimos 50 anos da nossa democracia.


Sara Barros Leitão, dramaturga e encenadora, explica como surgiu a ideia de trazer este espetáculo à luz do palco: “É um espetáculo que começámos a construir há cerca de um ano, e a ideia era fazer um espetáculo que partisse das transcrições dos diários da Assembleia da República (AR), que são transcrições fiéis e completas de tudo o que acontece à Assembleia da República. E, a partir daí, delimitámos 50 anos de democracia e fizemos um espetáculo que parte dessas transcrições para contar esses 50 anos de democracia do país.”


O espetáculo é uma produção Cassandra e conta com interpretação de João Melo e Margarida Carvalho, que dão voz e corpo a Presidentes da Assembleia da República, a Primeiros-Ministros, a deputados, a ministros, e aos próprios funcionários que têm a missão de transcrever tudo o que é dito no parlamento português.

duas mulheres e um homem sorridentes, posando para a fotografia
Sara Barros Leitão com os atores João Melo e Margarida Carvalho

“No parlamento português, entre as bancadas dos deputados e a tribuna com membros do Governo, existe, exatamente a meio da sala, uma secretária sem nada à volta onde trabalham dois funcionários que têm a missão de transcrever tudo o que ali é dito. Através dos seus dedos, registam-se os discursos, as intervenções, os apartes, as insubordinações e até os gestos. São centenas de milhares de páginas que registam debates, assembleias constituintes, votações, avanços e recuos nos direitos sociais, laborais e humanos. Guião para um país possível é um espetáculo criado a partir destes registos, para contar os últimos cinquenta anos da nossa democracia”, lê-se na sinopse.


A REALIDADE É MUITO MELHOR DO QUE A FICÇÃO


Por vezes, a realidade ultrapassa a ficção, e aqui temos vários registos disso mesmo. De acordo com a encenadora, “quando tive a primeira vez contacto com uma transcrição de um diário da Assembleia da República aquilo parecia-me já um guião de teatro; tem falas, tem didascálias, tem apartes, tem personagens, tem conflito… tem tudo aquilo que um guião de teatro costuma ter. Só que este era muito mais real. E costuma-se dizer que a realidade é muito melhor do que a ficção, e que ultrapassa qualquer coisa que possamos imaginar”, contava Sara Barros Leitão, no final do ensaio de imprensa desta segunda-feira.

Assim, e como em 2024 se assinala meio século de democracia portuguesa, explica, “pensei que poderíamos fazer um espetáculo que já estava escrito porque, na verdade, eu não escrevo uma única palavra neste espetáculo. Tudo o que é dito aqui já foi dito na Assembleia da República, alguma vez, nestes 50 anos. (...) Isso suscitou-nos logo muito interesse, porque nos interessa pensar sobre a democracia, sobre os avanços, os recuos, sobre aquilo que foi a nossa história coletiva, e depois usar o material que, em si, já era muito dramático e muito perto daquilo que é o teatro.”, conta a encenadora.

mulher com uma alheira na mão, falando com um homem

A peça faz referência a vários momentos passados na AR, desde 1974, com Álvaro Cunhal, Mário Soares, Natália Correia, Rui Rio, o caso do naturismo levado à Assembleia pelo então deputado José Sócrates, e até mesmo quando a ex-atriz porno e deputada italiana Ilona Anna Staller (conhecida no mundo artístico como Cicciolina) invadiu o Parlamento em 1987.

homem de boxers, deitado numa espécie de escada, e mulher deitada de forma sensual, de macacão, numa toalha quadriculada vermelha.

Mas também há momentos insólitos e mais recentes como quando a deputada do PAN Inês de Sousa Real levou um cabaz com alguns alimentos para o hemiciclo, com o objetivo de exemplificar o aumento do custo de vida, assim como referências à época das máscaras e desinfetantes devido à pandemia de Covid-19. E tudo isto aconteceu mesmo.

homem de máscara falando no púlpito

Sara Barros Leitão confidenciou que, das leituras que tem feito dos registos da AR, descobriu que “há momentos muito emocionantes, outros muito comoventes, outros muito cómicos, outros muito insólitos.”


O Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana acolhe Guião para um País Possível em contexto de Residência de Estreia, sendo também coprodutor do espetáculo, que fará mais três récitas no Teatro Municipal Sá de Miranda, dia 8, sexta-feira, às 21h00, sábado, dia 9, às 19h00 e domingo dia 10, às 16h00.

O Serviço Educativo da companhia vianense promove atividades de acessibilidade e mediação com Reconhecimento de Palco e Legendas em Inglês em todas as sessões, uma Conversa Pós Espetáculo dia 8 de dezembro com os atores e encenadora, e Audiodescrição e Tradução Simultânea em Língua Gestual Portuguesa dia 10 de dezembro.

homem em cima de uma escadaria, de braço no ar, com ar de ditador



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