A peça de teatro ‘Kamarád’ pelo coletivo artístico Mochos no Telhado, o cinema de Aya Koretzky mas também os últimos dias para ver a obra gráfica de Vieira da Silva em ‘Três janelas sobre um jardim’ são algumas das propostas para esta semana em Paredes de Coura, no Centro Cultural.
A peça ‘Kamarád’, pelo coletivo artístico Mochos no Telhado, remete-nos para os dias sombrios da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a vida nos campos de concentração nazis. ‘Kamarád’ é levada à cena na sexta-feira, 13 de outubro, pelas 21h30, e mais que uma história se insere no perfil de intervenção educativa e a capacidade de nos propor um mundo diferente.
Com direção artística de Dennis Xavier e Sofia Moura, ‘Kamarád’ é uma viagem pelas páginas de uma revista criada por crianças e jovens prisioneiros no campo de concentração de Theresienstadt, durante a Segunda Guerra Mundial. Ao todo foram criadas 22 edições da revista, permitindo através da arte a forma de distrair a fome e alimentar a capacidade de imaginar um outro presente e um futuro diferente, no contexto de um campo profundamente marcado pela sua intensa vida cultural da qual professores, músicos, atores e diversos artistas faziam trincheiras para resistir.
Com este trabalho, o coletivo artístico Mochos no Telhado debruça-se sobre o papel da resistência como ato performativo, como ato de criação e de afirmação da vida em oposição à morte. De que forma a arte sobrevive e prolifera na ameaça de um fim iminente? Qual o papel da arte e da educação nos tempos mais sombrios? São algumas das questões que atravessam ‘Kamarád’ e que Iván e os seus camaradas criaram para se inscrever no mundo, assinando por fim o seu nome num pedaço de papel, daqueles raros de encontrar num campo de concentração.
CINEMA DE AYA KORETZKY
Ainda pelo Centro Cultural, esta quinta-feira há Ler Cinema com o documentário ‘A volta ao mundo quando tinhas 30 anos’. Este é o retrato do pai pelo olhar da filha através de um álbum de fotografias. Um diário de uma viagem à volta do mundo nos anos 1970 a partir do Japão. Pai e filha cruzam olhares sobre as memórias das antigas imagens e palavras, partilhando o desejo de as trazer para o presente.
OBRA GRÁFICA DE VIEIRA DA SILVA
Quem ainda não teve oportunidade de ver ou rever a obra gráfica de Vieira da Silva, tem até domingo a oportunidade para revisitar os trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes plásticas.
Patente na galeria do Centro Cultural, ‘Três janelas sobre um jardim’ é parte de uma significativa coleção de gravura e serigrafia de Maria Helena Vieira da Silva. De um conjunto de mais de trezentas obras gráficas foram selecionadas trinta e três pela sua representatividade técnica – buril, ponta-seca, água-tinta, litografia e serigrafia; pela sua data de produção, que vai de 1954 a 1988, e ainda pela sua diversidade temática e plástica, de representações mais abstratas a representações figurativas, todas elas resultantes de um similar percurso da artista na pintura. Este conjunto procura ser um percurso gráfico revelador de um outro percurso, o pictórico, dando a conhecer a todos os públicos a obra de Vieira da Silva.
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