Parque Eólico em Arcos de Valdevez: Relatório Técnico Exige Travagem Imediata | Peneda Gerês TV

15 de maio, 2025.

Um relatório técnico elaborado a pedido do Município de Arcos de Valdevez emitiu um parecer severo sobre o projeto de parque eólico proposto pela Madoqua IPP para os concelhos de Arcos de Valdevez e Monção. O documento alerta para os elevados impactes ambientais e patrimoniais da proposta, considerando-a um risco sério para a biodiversidade, a paisagem e o turismo local e recomendando a sua reformulação total ou o indeferimento pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

O projeto em análise prevê a instalação de 32 aerogeradores e a construção de uma nova linha de muito alta tensão (LMAT). De acordo com o parecer técnico, estas infraestruturas atravessariam zonas de reconhecida e elevada sensibilidade ambiental e patrimonial. Entre as áreas diretamente afetadas incluem-se a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Zona Especial de Conservação (ZEC) do rio Lima e a Paisagem Cultural de Sistelo, classificada como Monumento Nacional. O relatório sublinha que a presença das turbinas eólicas comprometeria seriamente a integridade visual e cénica de Sistelo, pondo em risco o seu estatuto de proteção especial.

Parque Eólico em Arcos de Valdevez: Relatório Técnico Exige Travagem Imediata

Os técnicos apontam um conjunto de impactes negativos significativos, tais como a fragmentação de habitats naturais cruciais para a fauna local e a perturbação de espécies protegidas emblemáticas da região, nomeadamente o lobo-ibérico e a águia-real. Para além dos prejuízos ecológicos, o relatório identifica conflitos potenciais com atividades económicas fundamentais para o desenvolvimento sustentável da área, como o turismo de natureza, que depende da preservação da paisagem natural, e a agricultura tradicional, pilar da economia local.

O documento crítico não se limita a listar os impactes, denunciando também falhas graves na metodologia seguida pela proposta do parque eólico. Os técnicos destacam, em particular, a ausência de um estudo aprofundado de alternativas de localização para o empreendimento e a insuficiência das medidas de mitigação e compensação ambiental propostas para minimizar os danos previstos.

Perante este quadro, o relatório técnico conclui de forma categórica que o projeto do parque eólico, na sua configuração atual, é incompatível com os valores naturais e culturais ímpares que definem a identidade e o potencial da região. Face a estas conclusões, a recomendação dirigida à Agência Portuguesa do Ambiente é clara: recusar a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) para o projeto, a menos que este seja objeto de uma reformulação profunda que consiga acautelar e mitigar eficazmente os riscos ambientais e patrimoniais identificados.