Fungo do Gerês em lista mundial de 50 espécies aquáticas que exigem conservação
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Fungo do Gerês em lista mundial de 50 espécies aquáticas que exigem conservação


Collembolispora barbata foi descrita por Cláudia Pascoal e Fernanda Cássio, da Universidade do Minho. O fungo descoberto no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) integra uma lista de 50 espécies de água doce ameaçadas e em risco de extinção no planeta.



O relatório “Fantastic Freshwater: 50 landmark species for conservation” é lançado pela Iniciativa Shoal, pelo Centro Global para Sobrevivência de Espécies do Zoo de Indianápolis e pela União Internacional para a Conservação da Natureza e alerta que, no geral, uma em cada três espécies de água doce está em risco de extinção. É a primeira vez que um relatório deste tipo inclui fungos aquáticos.


"Collembolispora barbata foi encontrada há duas décadas, num riacho de montanha em S. João do Campo, Terras de Bouro, por Fernanda Cássio e Cláudia Pascoal, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da UMinho, que tiveram o apoio da taxonomista checa Ludmila Marvanová.", adianta a UMinho em comunicado. Segundo os especialistas, aquela espécie de fungo "ajuda ao equilíbrio do ecossistema local e é uma espécie rara, não tendo ainda sido detetada noutra parte do mundo, tal como sucede por exemplo com o lírio-do-Gerês."


Isabel Fernandes - Investigadora do CBMA

O relatório foca 50 espécies que incluem anfíbios, aves, crustáceos, peixes, fungos, insetos, mamíferos, moluscos, plantas e répteis de água doce, mostrando a sua diversidade e beleza, mas sobretudo a sua urgente conservação. Isabel Fernandes, especialista em fungos aquáticos no CBMA, colaborou neste relatório, sugerindo a inclusão da Collembolispora barbata. “Não há nada feito no mundo ao nível da conservação de fungos de água doce, logo a sua presença neste relatório é um marco para alertar a população, os decisores políticos e até a comunidade científica para a importância da conservação deste grupo de microrganismos, que são ainda pouco estudados e envolvem poucos investigadores a nível global”, justifica.


A investigadora salienta que, embora o número de artigos científicos na área tenha vindo a aumentar, na sociedade persiste a ideia de que os fungos prejudicam a saúde e o ambiente: “Os fungos não se resumem apenas ao pé de atleta ou aos patogénicos que atacam as vinhas, pois existem muitas espécies que são essenciais para os ecossistemas”. São eles os principais responsáveis por reciclar a matéria orgânica de origem vegetal nos rios, charcos ou ribeiros, que depois vai servir de alimento a muitos animais. “Os fungos aquáticos são, por isso, um elo essencial nas redes alimentares dos ecossistemas de água doce, desempenhando um papel fulcral no funcionamento destes ecossistemas”, frisa.


POLUIÇÃO E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS SÃO AMEAÇAS À ESPÉCIE

As espécies apontadas no relatório têm como principais ameaças a poluição por químicos (como pesticidas, fungicidas e fertilizantes), as alterações climáticas, o excesso de nutrientes nas águas e as alterações do uso do solo. “Se continuar o aquecimento médio anual, há espécies que talvez se adaptem, mas outras podem ser mais sensíveis”, assinala Isabel Fernandes. A investigadora defende ainda a rápida aposta na proteção das florestas ribeirinhas, já que "os campos agrícolas estendem-se amiúde até ao limite dos ribeiros, sacrificando recursos alimentares de muitos seres vivos que ali vivem”, alerta.



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