“Ler em Viana” espera superar os 10 mil visitantes da primeira edição

Foi inaugurada este sábado, 15 de abril, a segunda edição da iniciativa “Ler em Viana”, no Centro Cultural de Viana do Castelo. Mais do que uma feira do livro, este evento que decorre até 30 de abril, é uma oportunidade para consolidar hábitos de leitura, conversar com escritores e cientistas, assistir a peças de teatro, participar em workshops, conferências, sessão de autógrafos e concertos.

O bom tempo que se fez sentir, este sábado, levou muitos a acorrerem ao Centro Cultural de Viana do Castelo para marcar presença neste primeiro dia do “Ler em Viana”, que vai na segunda edição. Este ano, a feira conta com 32 expositores, reunindo 14 livreiros que representam as principais editoras do país.

O Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, acompanhado pelo diretor da Biblioteca Municipal, Rui Faria Viana, e vereadores da Câmara, entre outras personalidades, abriu as hostilidades, fazendo uma ronda pelos 32 stands que compõem esta “festa do livro e das artes”.

Luís Nobre reconheceu que “as condições climatéricas ajudam” [à maior afluência de visitantes], mas que “os vianenses e outros que nos visitam neste período da feira do livro reconhecem qualidade e atratividade suficiente para nos visitar”, afirmou. O autarca destacou que este encontro “envolve-nos e convida-nos a ter uma relação e um contacto diferente com o livro, mas também com manifestações culturais com escritores”.

Este é o segundo ano que a feira do livro acontece no Centro Cultural que, sendo um espaço fechado, tem outra comodidade em termos funcionais, estéticos e de conforto, mas esta mudança de lugar [que durante muitos anos aconteceu no jardim da cidade] foi alvo de algumas críticas na primeira edição, em 2022. Luís Nobre entende-as como sugestões e afirmou que nesta segunda edição do Ler em Viana “há aqui um conjunto de experiências melhoradas”. Disse que foram tidas em conta as sugestões dos livreiros e dos visitantes, e deu como exemplo de melhorias: “as entradas; a colocação de elementos de descanso, como bancos, para os visitantes fazerem uma leitura transversal de um livro para perceber se têm interesse em comprá-lo; dar a oportunidade aos livreiros de ficarem em posições diferentes no que é a arquitetura do espaço… no fundo, criar um ambiente mais familiar, mais social para que seja um espaço de convívio, de socialização, de contacto com o livro, com as manifestações artísticas e culturais, com os workshops, e também atrair os mais pequenos para a realidade do livro e do contributo que este tem para o seu desenvolvimento pessoal e o seu percurso de vida.”

O programa “Ler em Viana” inclui a presença de grandes nomes nacionais da cultura. Na noite de 15 de abril, às 21h30, Rodrigo Leão subiria ao palco do auditório instalado para os concertos de entrada gratuita, motivo que levou a que, em minutos, os ingressos tivessem esgotado a lotação máxima de 300 lugares.

A esse respeito, o diretor da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, Rui Faria Viana, referiu que “por razões de caráter legal, não podemos limitar o número de bilhetes a entregar a cada pessoa, pelo que uma pessoa pode chegar à bilheteira e pedir 10, 20 ou 25 bilhetes e nós temos, de facto, que dar os bilhetes que são pedidos, daí o facto de ter esgotado com alguma rapidez”.

Relativamente ao “Ler em Viana”, Rui Faria Viana disse que este “é um programa de excelência” e admitiu que “as expectativas são grandes”, pelo que “esperamos que o número de visitantes e o número de pessoas que vão assistir ao Ler em Viana seja superior ao do ano passado” [que atingiu os 10 mil visitantes]. A aposta na realização da feira do livro no Centro Cultural vem, segundo Rui Faria Viana, “dar dignidade ao livro” pois, neste espaço, os livros não estão à chuva, não apanham pó, não há imprevistos por causa das condições climatéricas, e “quem gosta de ler livros, de comprar livros num espaço sossegado, é aqui que vem”, rematou.

As tardes de sábado, domingo e o feriado de 25 de abril têm atividades dirigidas ao público infantojuvenil, mas durante a semana e da parte da manhã, haverá atividades dirigidas para as escolas, como oficinas de ilustração, design gráfico e escrita criativa, orientadas por profissionais de renome.

FEIRA TEM 32 EXPOSITORES COM 14 LIVREIROS

Vinda do Porto, Maria Azeredo, de 26 anos, está localizada no expositor 27. Apresenta-se pela primeira vez no “Ler em Viana” com uma editora basca, a “Ediciones el Gallo de Oro”, que tem edições bilingue, do Português ao Castelhano, edições em Português e traduções só em Castelhano. Neste stand, podemos encontrar a primeira tradução para castelhano de todos os contos infantis da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, assim como edições bilingue de Fernando Pessoa, Herberto Helder, entre outros. Em relação ao “Ler em Viana”, esta livreira, que também é autora, referiu que “está muito bem organizado e sendo num espaço fechado, onde também se realizam concertos e teatro, incentiva à cultura e também nos ajuda a trazer outras pessoas, pelo que as expectativas são grandes.”

Já Margarida Pinto, da editora vianense “Oficina com Pinta” (stands 25 e 26), é a segunda vez que participa no “Ler em Viana” e considera que este espaço para realização da feira do livro “é muito agradável, porque a programação acompanha a apresentação dos livros; não é só a feira do livro, há toda uma programação que acompanha, o que torna o evento muito mais interessante. O espaço é muito tranquilo; consegue-se estar com as pessoas, conversar sobre os livros; não há vento e, portanto, as pessoas também se sentem mais aconchegadas.”

Acredita que, este ano, “a proposta continua a ser super interessante e espero que as pessoas consigam perceber que há uma mudança para melhor”. Na “Oficina com Pinta” podemos encontrar toda uma panóplia de literatura infantil e juvenil, livro ilustrado, e também livros em inglês.

Logo à entrada da feira, no expositor 4, encontramos a editora “Ler é Saber”, aos comandos de José Azevedo, que veio de Barcelos, e já faz feiras do livro em Viana do Castelo há muitos anos.

Considera que “há vantagens e desvantagens de um lado e de outro” pela nova localização da feira do livro, reconhecendo que “é evidente que é muito mais agradável o espaço, mas não é muito central”, e afirma que “quem vem aqui, vem de facto para ir à feira, enquanto que no jardim era uma zona de passagem, mas corria-se problemas com o tempo, nomeadamente, chuva, vento, o que tornava aquilo desagradável; aqui não.”

Na opinião de José Azevedo, a divulgação do “Ler em Viana” o ano passado não correu muito bem, motivo pelo qual vendeu menos. “Na rua, às vezes, quem passa, passa para não comprar, mas acaba por comprar; aqui já não”, admite. No entanto, acredita que “com o tempo, com algumas correções que é importante fazer, o sítio [Centro Cultural] é o ideal”. Neste expositor, podemos encontrar de tudo, desde literatura Infantil, Juvenil, Religião, Desporto, Política, Romances… “Basta dizer o seu gosto e arranja-se”, convida José Azevedo.

Ao longo destas duas semanas, vão passar pelo “Ler em Viana” escritores como Bruno Paixão, José Pacheco Pereira, António Pedro Vasconcelos, José Luís Peixoto, Mário Augusto, Carina Novo, André Letria, Inês Fonseca Santos, Luís Afonso, Rita Ferro, Richard Zimler, e os cientistas Carlos Fiolhais e Alexandre Quintanilha, entre muitos outros. Destaque, ainda, para o concerto de SURMA, dia 22 de abril, às 21h30, e concerto de Noiserv, no dia 29 à mesma hora.

O “Ler em Viana” funciona de segunda a sexta-feira, das 17h00 às 24h00, e ao fim de semana das 15h00 às 24h00. Todas as atividades têm entrada gratuita.