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Paredes de Coura evoca Dia Internacional da Mulher com a peça "Mãe", que reúne testemunhos de mulheres courenses

A 8 de março, dia em que se evoca o Dia Internacional da Mulher, o Centro Cultural de Paredes de Coura recebe a ‘Mãe’, pela companhia Mochos no Telhado. Mais que a obra intemporal de Máximo Gorki ou as amarguras do cineasta Ingmar Bergman, esta ‘Mãe’ pela companhia Mochos no Telhado traz também os testemunhos de mulheres courenses e de outras geografias envolvidas nesta coprodução.




três mulheres em palco escolhendo roupa de bebé

Para melhor perceber esta ‘Mãe’, uma coprodução do Teatro Viriato, 23 Milhas, Teatro Diogo Bernardes, Cine-teatro João Verde, Centro Cultural de Paredes de Coura, Teatro Ribeiro Conceição e Centro Cultural de Carregal do Sal, nada como as palavras da dramaturga Sofia Moura, que com Dennis Xavier respondem pela Direção Artística da companhia Mochos no Telhado.


“Esta é a história de uma mãe. É a história de uma mulher que é mãe. Esta mulher não é só mãe. Esta mulher não é mãe. Esta mãe nem sempre é uma mulher. Nesta mãe cabem todas as mães, todos os filhos e filhas. Os que ainda estão aqui e os que já partiram. Esta é a primeira mãe: Deusa-mãe, Ishtar, criadora de povos. Esta mãe sou eu.

O tempo é contínuo. O tempo é uma mulher de adaptabilidade evolutiva. Engorda e emagrece de acordo com o espírito de quem o vive, mas nunca para. Quando nasci, o tempo já estava em marcha. Quando antes de mim nasceram as minhas mães, também começaram a viver in medias res. A primeira mãe de todas não foi a primeira mãe. Herdámo-nos umas às outras. Estamos umas dentro das outras.

Esta mãe é exatamente o ponto intermédio entre a sua mãe e o seu filho ou a sua filha. Lembra-se ainda da sua avó. Ela dialoga com o passado e projeta o futuro, é nova para uns, velha para outros. É um ponto na linha do tempo, ponto final, ponto e vírgula, três pontinhos. É ela própria a linha, uma linha que ramifica e multiplica. Somos o fio condutor que atravessa milhões de anos.

Isto não é nada de novo. Esta história não é nova. Já existem mães desde o início da vida, já se fizeram milhares de espetáculos e obras de arte sobre a maternidade. Ao mesmo tempo, isto é completamente novo. É inaugural de cada vez que acontece. É abismal. É motivo para celebração e fascínio, é intrigante e misterioso. Não nos habituámos ainda à maravilha do nascer, tal como não nos habituámos à dureza do morrer.

Falámos com cinquenta mulheres sobre o que é isto de ser mãe. Não estávamos à espera de uma resposta, de uma certeza ou uma verdade categórica. Mas entre todas estas conversas, houve alguma coisa muito concreta, certamente inominável, que se partilhou, que se experienciou e que se reconheceu na outra.

Enquanto escrevo, uma grávida, já mãe, está sentada à minha frente, com o seu filho pequeno ao lado. Depois deste trabalho, não será mais possível olhar para ela sem a empatia que nos une, sem imaginar o cenário invisível que a rodeia, o invisível que acontece no interior do seu corpo e mente. Os gestos para com o filho que brinca com um carrinho, o olhar atento, presente e ausente, dentro e fora, as advertências carinhosas, a eterna paciência. Ela também sustenta este mundo. Ela é uma desconhecida que carrega o futuro. Ela é linda e jovem. Está em silêncio porque ninguém lhe pediu para falar. Fala com as mãos que rodam o anel no dedo. Parece calma, serena.

Um especial obrigada a todas as mulheres que partilharam connosco esse invisível que sustenta o mundo”. [Sofia Moura]


"Abrimos a palavra Mãe para ver o que tem dentro. Que mães habitam este mundo global e acelerado? Como expressar o constante confronto entre o amor e o sacrifício, entre a mãe que se é e a mãe que se quer ser ou que querem que seja? Ser mãe é mesmo a melhor coisa do mundo? Este é um trabalho que se debruça sobre o processo de contínua transformação, transição e descoberta que é o ‘maternar’.

A dramaturgia nasce de um processo de entrevistas a mulheres de diferentes países, culturas, idades e vivências, na sua relação com a maternidade, complementada por um estudo de referências que passam pelo poema, pelo texto afetivo e literário", pode ler-se na sinopse. 

 

Mochos no Telhado

A Mochos no Telhado é uma estrutura artística, fundada e dirigida por Dennis Xavier e Sofia Moura, em 2019. Dedica-se à investigação, criação e programação no domínio das artes performativas, o que deriva da vontade de iniciar um caminho próprio, com uma identidade pronunciada, modelada, por um lado, por apelos e inquietações próprias e, por outro, pelo cruzamento com diferentes artistas convidados a integrar as suas criações.

A Mochos no Telhado conta com um percurso denotado com ações e iniciativas de Intervenção Educativa e no amplo espectro das Ações Estratégicas de Mediação, sendo que ao nível das criações próprias se podem destacar "Kamarád" (2021), “A História das Coisas" (2023) e, mais recentemente, "Mãe" (2024). É igualmente responsável pela organização do Festival-No Fio da Palavra, que terá a sua 4ª Edição em 2024.


Foto: © Mochos no Telhado



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