Pequena Rota Circular constituída por cerca de 40 lagares sinalizados e identificados em menos de dois quilómetros quadrados era usada para fazer a "pisa" da uva.
Tendo o município de Montalegre como entidade promotora, foi inaugurada, em Vilar de Perdizes, a "Rota dos Lagares Rupestres". Estamos perante uma Pequena Rota Circular - constituída por cerca de 40 lagares sinalizados e identificados em menos de dois quilómetros quadrados - com alguns desvios que permitem a visita a lagares escavados na rocha entre outros pontos de interesse. Tem início e término junto à capela de Santa Marinha e desenvolve-se ao longo de cerca de 5,5 km por caminhos agrícolas, por vezes ladeados por muros de "pedra seca" e com a montanha como paisagem de fundo. Esta ação contou com a presença do presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves.
Em Vilar de Perdizes, há um número considerável de lagares escavados na rocha. Para a plantação de vinha e a produção do vinho é necessário reunir algumas particularidades, sendo o tipo de solo uma das mais importantes, a par das condições climáticas. Não são apenas os vestígios de lagares que documentam a produção de vinho neste pedaço do concelho, mas também a existência de um podão (instrumento em forma de faca semicircular) gravado num afloramento da calçada de Santa Marinha, que representa a faca de vindima que o vindimador usava para auxiliar no corte dos cachos, a falcata vineatica.
Estes lagares são estruturas constituídas por uma área de pisa da uva pelo pé humano, ou calcatorium, onde se forma o mosto proveniente da uva que escorre através de uma bica ou orifício, sendo recolhido por vasilhame ou depositado na lagareta ou lacus, quando existente. A lagareta é localizada a uma cota inferior e no caso de ser escavada no afloramento é comum existir uma concavidade para escoamento total da mesma. O lagar escavado na rocha distingue-se perfeitamente dos lagares tradicionais das nossas adegas, pois são estruturas com particularidades únicas, e o que normalmente as diferencia é a sua pouca profundidade e ligeira inclinação. Nas laterais do calcatorium encontram-se as stipite, cavidades de formato variável, (quadrangular, retangular ou mesmo circular), as quais se destinavam à colocação da prensa, em madeira. Os elementos de prensagem do vinho, construídos geralmente em madeira, são encaixados no afloramento, já talhado para o efeito, e posteriormente arrumados para a reutilização no ano seguinte.
No âmbito da inauguração da "Rota dos Lagares Rupestres", o Presidente da Câmara Municipal de Montalegre, Orlando Alves, afirmou que Vilar de Perdizes "É uma terra que se afirma pelo saber. Aproveita o leque variadíssimo de tradições e mística que possui. Assistimos à observação de vários lagares rupestres. Tudo aliado à produção vinícola que existiu e ao património rupestre que já vem desde o período da romanização. Vilar de Perdizes é uma terra riquíssima em património e que beneficiou pelo facto de ter aqui um homem de elevada estatura cultural como é o padre Fontes. É uma figura ímpar que divulgou a terra pelo país fora e pelo Mundo fora. Com este mapeamento dos lagares, o concelho fica mais rico."
O momento contou ainda com a presença da Presidente da Associação de Defesa do Património de Vilar de Perdizes, Umbelina Alves, que destacou a riqueza patrimonial de Vilar de Perdizes, afirmando que a Associação que preside "quer continuar este trabalho dado que temos aqui uma riqueza incalculável. Temos ainda alguns lagares que não estão limpos, identificados e sinalizados. Para já, estão identificados 40, mas acreditamos que há muito mais. Queremos que as pessoas os visitem porque todos são diferentes apesar de a função ser a mesma."
Por sua vez, a arqueóloga Carla Cascais, informou os visitantes quanto ao tipo de arqueologia em questão e dos elementos constituintes dos lagares rupestres: "Estamos perante uma rota com cinco quilómetros e meio. Ao longo do percurso vamos encontrar cerca de 40 lagares rupestres identificados, situados em menos de dois quilómetros quadrados. Os lagares são de diferentes tipologias. Alguns são totalmente escavados na rocha, outros foram readaptados em fase posterior. É uma rota onde podem ser observados alguns resquícios de vinha e outras estruturas que podem estar associadas aos lagares. Junto ao caminho de Santa Marinha, existe uma gravura rupestre bastante interessante que, a meu ver, poderá estar associada à cultura da vinha, à poda e a estes lagares. É uma faca de vindima que era usada para fazer a poda."
FICHA TÉCNICA
Nome do percurso: Rota dos Lagares Rupestres Localização: Concelho de Montalegre Freguesia: Vilar de Perdizes Tipo de percurso: Circular Âmbito do percurso: Paisagístico e Cultural Ponto de Partida e Chegada: Capela de Santa Marinha Distância do percurso: 5,5 km Duração aproximada: 2 horas Grau de dificuldade: Baixo Fonte: Carta Militar de Portugal, folha n.º 20 1/25000, IGeoE, 1997 O PR10 MTR é um percurso pedestre de pequena rota, marcado nos dois sentidos segundo as normas da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.