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Editorial | “Deixa arder que é do Estado”? Um erro que custa caro | Peneda Gerês TV

1 de agosto, 2025.

A frase "deixa arder que é do Estado" ainda ecoa em muitos cantos de Portugal, mas no que diz respeito ao Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), esta ideia não poderia estar mais longe da verdade. A conversa que se desenrola no balcão de um de café serve de retrato perfeito para a necessidade de esclarecer esta questão, fundamental para a conservação e o futuro desta área protegida.


Incêndio florestal no Parque Nacional da Peneda-Gerês
Incêndio florestal no Parque Nacional da Peneda-Gerês no concelho de Ponte da Barca

Recentemente, numa conversa de café sobre o incêndio que lavra na zona de Ponte da Barca, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), surgiu uma frase que, infelizmente, se ouve com frequência: “Deixa arder, que é do Estado!”. Perante tal afirmação, vinda de uma terceira pessoa, que deixou atónitos os participantes na conversa, e após alguns segundos de silêncio, um dos intervenientes em tom que não deixaria dúvidas a ninguém quanto à sua indignação perante tal afirmação atirou: "Olhe que não está correto o que disse! Nem todo o território do Parque Nacional é do Estado!".


Mas será que é mesmo assim?

Efetivamente, a grande maioria do território do PNPG não pertence ao Estado. São cerca de 70.290 hectares, dos quais apenas uma pequena área de 5.275 hectares (7,5% da área total) pertence efetivamente ao património do Estado e que consistem principalmente em Matas Nacionais, como como a Mata Nacional do Gerês no concelho de Terras de Bouro. O restante que é a esmagadora maioria, é de particulares ou de terrenos comunitários, os chamados baldios.


Quando o fogo consome a paisagem, não está apenas a destruir "o do Estado". Está a queimar as propriedades de milhares de famílias que ali vivem, trabalham e de cujas terras tiram o seu sustento. Está a aniquilar as florestas comunitárias, geridas por conselhos de baldios, que são uma fonte de rendimento crucial para as populações locais. O prejuízo ambiental é imensurável, mas o prejuízo material e social atinge diretamente as comunidades que vivem, moldam e preservam esta paisagem há séculos.

Os rostos por trás do Parque

A ideia de que o Parque Nacional é uma entidade distante, sem rosto e que os incêndios não afetam diretamente as pessoas, é um equívoco perigoso. O PNPG é um mosaico de vida, onde as tradições, a agricultura de montanha e a gestão comunitária de baldios se entrelaçam com a natureza.


A frase "deixa arder que é do Estado" nega esta complexa realidade e desresponsabiliza-nos a todos.


O valor do património de todos nós

Mesmo a parte que é do Estado, como a Mata da Albergaria com as suas árvores centenárias e uma biodiversidade ímpar, é, no fundo, de todos nós. É um património público, um tesouro natural que pertence a cada português. A sua perda é a perda de uma herança comum, um golpe no nosso capital natural e cultural.


Quando a floresta arde, não se perdem apenas árvores, perdem-se ecossistemas únicos e espécies protegidas, solos férteis e nascentes de água, infraestruturas rurais, caminhos ancestrais e linhas de defesa contra cheias e erosão, assim como fontes de rendimento ligadas ao turismo, à pastorícia e à produção local. Ficam também afetados, a memória coletiva, a cultura e modos de vida. Em suma, uma catástrofe ambiental, social e económica. Ignorar este prejuízo sob o pretexto de “não é meu” é, no fundo, abdicar da nossa condição de cidadãos atentos e participativos.


A responsabilidade pela conservação e proteção do Parque Nacional da Peneda-Gerês é partilhada. É de todos. Das comunidades locais que gerem as suas terras, dos visitantes que usufruem da sua beleza e das políticas públicas que devem garantir a sua sustentabilidade. O fogo não conhece fronteiras administrativas ou de propriedade. Quando arde, arde o de todos. É tempo de substituir o "deixa arder" por um compromisso coletivo de proteção e valorização do nosso património, seja ele de quem for.


A floresta precisa de guardiões, não de indiferença

A paisagem do Gerês não é apenas um postal bonito, é uma realidade viva, frágil e fundamental. Precisamos de abandonar a indiferença e abraçar o dever cívico de cuidar, prevenir, alertar e valorizar. Porque a floresta, mesmo quando não nos pertence diretamente, é sempre parte de quem somos, todos podemos ajudar a desmistificar esta ideia errada.


Partilha este artigo nas tuas redes sociais e identifica alguém que ainda ache que “o que arde é só propriedade e responsabilidade do Estado”.


Jorge da Costa. Diretor/Jornalista da Peneda Gerês TV
Jorge da Costa

Este texto editorial é da responsabilidade do Diretor/Editor/Jornalista da Peneda Gerês TV.


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