Festival de Arte Urbana MURARCOS regressa, de 8 a 11 de setembro, a Arcos de Valdevez | Peneda Gerês TV
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Festival de Arte Urbana “MurArcos” regressa, de 8 a 11 de setembro, a Arcos de Valdevez

Este sábado, 5 de agosto, o público pôde ver o resultado final dos trabalhos dos pintores, que desde dia 31 de julho embelezaram muros e superfícies exteriores da zona histórica do concelho de Arcos de Valdevez. A primeira edição do Festival de Arte Urbana MurArcos, dedicado às novas aplicações artísticas e criativas em espaço público, contou com a participação de Tiago Regg Salgado, Daniela Guerreiro e Mariana Duarte Santos.




dois homens junto a um mural com rosto de vacas cachenas em tons cinza

Num percurso cronológico, que inicia no túnel em frente à Praça do Município, encontramos o trabalho de Mariana Duarte Santos, que, em tons monocromáticos, nos remete para as fotografias a preto e branco ou sépia, para o antigo, o tradicional, o histórico, incorporando no seu mural elementos característicos do Alto Minho, como o folclore, a vaca cachena, o campo.

mural em tons cinza de uma mulher em trajes de rancho, duas vacas cachenas presas com o jugo
Mural da artista Mariana Duarte Santos

Seguimos para baixo, onde encontramos o recém-inaugurado Espaço Valdevez, que deu azo a este festival de arte urbana, no sentido de consciencializar para o património e para a sua reabilitação em união com a arte e a história. Vários outros espaços da zona da Valeta estão já pensados para a segunda etapa deste festival, que terá lugar de 8 a 11 de setembro de 2023, e que vai complementar as intervenções já existentes, envolvendo artistas plásticos locais para partilha de experiências, conceitos e realização de trabalhos, sendo que este ano será o artista arcuense Mutes.


mulher sentada numa cadeira de jardim a olhar para uma caixa de luz
Esta caixa de luz será um dos spots a ser intervencionado em setembro

pessoas passeando na rua junto a edifícios devolutos
Também esta varanda será a tela de novos artistas em setembro

pessoas caminhando numa rua em calçada
Zona da Valeta com mais potenciais imóveis para reabilitar e intervencionar

Na zona mais antiga da Valeta, o mural de Daniela Guerreiro salta à vista pela incorporação de cores mais suaves, como o branco, o laranja, o verde e o castanho. Fazendo referência a elementos que encontrávamos no mercado que outrora preenchia as ruas da Valeta, reconhecemos as laranjas da zona, a folha de louro, uma cesta de vime, uma folha de bacalhau que tem inscrito o preço (como se fazia antigamente, ainda em escudos) e umas mãos, que poderiam pertencer a tantas mulheres e homens que marcaram a história e vida daquele espaço.

dois homens e uma mulher em frente a uma casa em ruínas com arte pintada
Mural de Daniela Guerreiro

Com este Festival, “a Câmara Municipal procura dinamizar a reabilitação do espaço público urbano, valorizar o património e promover a reabilitação urbana, contribuindo para a promoção do concelho e para a dinamização da atividade económica e turística.”


O Presidente da Autarquia, João Manuel Esteves, destaca “as várias homenagens que estão aqui bem presentes nestes murais: uma homenagem ao rio [mural de Tiago Regg Salgado], às pessoas que viveram e que vivem este espaço e que ajudaram a criar história [mural de Daniela Guerreiro], e uma homenagem àquilo que é o património, a tradição, a nossa cultura, com todo aquele quadro da ruralidade e ao mesmo tempo da expressão da nossa cultura mais etnográfica [mural de Mariana Duarte Santos], portanto temos aqui como é que nós aliamos património, a tradição com a modernidade; a arte ao serviço da dinamização; a arte como impulsionador de revitalização do espaço público e revitalização dos edifícios e do espaço privado.”


João Manuel Esteves revelou que a recetividade por parte dos proprietários dos edifícios “tem sido boa, mas julgo que estamos a ganhar cada vez mais adeptos”, porque, justifica o autarca, “nós temos a oportunidade de ter nestas casas, hoje em dia, uma intervenção artística por artistas de renome, reconhecidos em Portugal e no estrangeiro.”


Regg Salgado, artista e curador do MurArcos, em conversa com os jornalistas, explicou o processo criativo, começando por dizer que “depois de muita pesquisa e de ouvir muitas histórias aqui dos moradores, uma coisa é certa: uma figura era muito importante, que era o Guarda-Rios; o senhor do rio, o senhor do Vez, como lhe chamavam”, revela. “Quando eu ouvi que o senhor, de facto, tinha uma relação com o rio, diferente, que ele vivia para o rio e tratava do rio e que morava aqui - portanto era uma figura central da Valeta -, senti que era muito bom fazer-lhe uma homenagem e homenagear também o rio”, acrescenta. O artista salienta que “há uma relação da Valeta com o rio, crucial para os nossos murais, porque são coisas que não podemos ignorar.”

pintura em tons esverdeados com figura de um homem no rio
Mural de Tiago Regg Salgado

No mural de Regg Salgado, em tons esverdeados e cinza, observamos um homem corcovado que parece imiscuir-se no rio. Em termos técnicos, o artista explica o mural de sua autoria: “O horizonte do rio é uma referência ao nível das cheias. Quanto à figura do homem, o Guarda-Rios, vivia tanto o rio, de uma forma poética, que a sombra dele e a maneira como ele está colocado é propositada, porque é quase que uma das árvores; a sombra dele é tão importante como a sombra das árvores. Ele está lá e visualmente é mais uma ferramenta que eu utilizo para dar essa metáfora”, indica. A postura icónica da figura retratada, segundo Regg Salgado, fez com que o mural que apenas “era uma coisa verde” se destacasse e as pessoas olhassem para ele de maneira diferente, reconhecendo de imediato que se tratava do Guarda-Rios.

figura de homem no meio do rio em tons verdes
A figura do Guarda-Rios foi rapidamente identificada pelas pessoas que têm observado o mural

O artista faz um balanço “muito positivo” desta experiência, tendo adiantado que em setembro vão “pintar o meio da Valeta” com ícones, e que está a ser feito um documentário artístico, onde se retrata Arcos de Valdevez e a vivência dos artistas e os próprios murais.


O Festival de Arte Urbana MurArcos já tem edição garantida para 2024, estando a despertar a curiosidade e interesse em participar, de artistas de várias zonas do globo.

3 homens em frente a um mural, explicando o conceito do mesmo



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