Carqueja: Planta Ajuda a Tratar Feridas Diabéticas e Reduzir a Dor, Revela UMinho | Peneda Gerês TV
- Jorge da Costa
- há 2 dias
- 3 min de leitura
15 de junho, 2025.
Uma tese de doutoramento inovadora da Universidade do Minho (UMinho) revelou que a carqueja, uma planta abundante nos nossos bosques, possui propriedades notáveis na cicatrização de feridas diabéticas e na redução da dor. Este estudo promissor abre portas para novas abordagens terapêuticas, não só para diabéticos, mas também com potencial em queimaduras, psoríase e medicina veterinária.

Descoberta Revolucionária na UMinho: Carqueja Acelera Cicatrização e Alivia Dor em Feridas Diabéticas
Um estudo piloto realizado na Escola de Ciências da Universidade do Minho, no âmbito da tese de doutoramento de Inês Laranjeira, comprovou o potencial da carqueja em acelerar o processo de cicatrização de feridas em indivíduos com diabetes, além de demonstrar as suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. A investigação, orientada por Filipa Pinto Ribeiro e Alberto Dias, no Centro de Biologia Molecular e Ambiental, contou com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a colaboração de universidades de Macau e do Brasil.

O trabalho de Laranjeira incluiu a incorporação do extrato de carqueja num creme tópico, que foi aplicado em feridas de animais com diabetes tipo 2 e osteoartrose. Os resultados foram claros: "Tínhamos três grupos: num aplicamos o creme com extrato, noutro o creme sem extrato e no terceiro não tratamos; concluímos que as feridas cicatrizavam significativamente mais rápido no primeiro grupo", afirma a cientista. Este avanço sugere um caminho promissor para o desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos, alimentares e cosméticos.
Além da Diabetes: Carqueja com Potencial para Queimaduras, Psoríase e Veterinária
As autoras do estudo acreditam que os benefícios do creme com extrato de carqueja podem estender-se para o tratamento de queimaduras e psoríase em humanos. Além disso, o seu uso na medicina veterinária é uma possibilidade empolgante. Filipa Pinto Ribeiro destaca a facilidade de aplicação do creme em animais de estimação, o que poderia evitar intervenções mais complexas. No entanto, ressalva que o tratamento de animais de produção pode apresentar desafios devido a potenciais implicações na carne ou no leite.
A pesquisa também revelou as valiosas propriedades medicinais de outras plantas, como o alecrim-do-campo e a estrela-do-egito. O alecrim-do-campo demonstrou capacidade de controlar a hiperglicemia, crucial para a cicatrização em feridas diabéticas, enquanto a estrela-do-egito revelou a sua eficácia no combate à inflamação crónica associada a estas feridas, auxiliando na recuperação dos tecidos.
Próximos Passos e o Futuro das Plantas Medicinais
Apesar do comprovado potencial clínico do composto, Inês Laranjeira salienta que não foram ainda observados benefícios estéticos, como o tratamento de rugas. No entanto, a carqueja, já reconhecida na medicina tradicional pelas suas propriedades digestivas, dietéticas e no controlo da hipertensão e colesterol, pode ser incorporada em champôs e suplementos nutricionais.
Os próximos passos da investigação da UMinho focar-se-ão na utilização de técnicas avançadas, como abordagens ómicas e modelagem computacional, para aprofundar a compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos. Com o crescente interesse nas plantas medicinais e tradicionais para a economia rural, o turismo cultural e o comércio internacional, há um esforço global para padronizar o cultivo, processamento e formulação dos extratos vegetais, garantindo qualidade, segurança e eficácia, e abrindo caminho para novas terapias e medicamentos de origem natural.
Será que esta descoberta poderá revolucionar o tratamento de feridas crónicas no futuro próximo?
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