Sabe o que é "cascavelho", "carolinas", "bolir" ou "gandula"? Professor da UMinho explica
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Sabe o que é "cascavelho", "carolinas", "bolir" ou "gandula"? Professor da UMinho explica



Professor da Universidade do Minho, José Teixeira, lança amanhã livro com termos orais que sobrevivem no tempo. "Falar(es) Bracarense(s), janelas da transformação de um espaço rural" é apresentado amanhã, 20 de novembro, às 15h30, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga. Entrada livre.


O livro “Falar(es) bracarense(s), janelas da transformação de um espaço rural” é uma edição da Húmus, apoiada pelo Centro de Estudos Lusíadas (CEL) da UMinho e pelo Município de Braga. Conta com a apresentação do eurodeputado José Manuel Fernandes. “Dos anos 50/60 aos anos 90, Braga transformou-se completamente de um espaço rural para urbano e a oralidade é decisiva para entender essas mudanças, por isso importava registar as palavras, as expressões e o calão que persistem, para a memória não se perder”, justifica José Teixeira.


Sabe o que significa, por exemplo, “trenga”? É um termo para ingénua, “embuchado” para amuado, “bolir” para mexer, “forrinhos” para sótão ou “gandula” para marota. No livro há até significados fora dos dicionários, como “carolinas” (chinelos de pau com tiras de couro) para representar pessoas pobres e “cascavelha” (castanha atrofiada) para franzina ou sem valor.


“Carolinas e cascavelha exemplificam como cultura e palavras estão ligadas”, nota o docente da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho. Face à tendência de uniformização linguística, a sobrevivência destas expressões espelha o papel fulcral que tiveram na realidade objetiva e nos seus usos simbólicos e metafóricos, continua o também diretor do CEL. “Se cada memória é um livro, ficam aqui vários livros vivos, fundamentais para compreender a nossa língua, os tempos evocados e a atual ‘Grande Braga’”, realça. A obra permite constatar como um casal podia ter 13 ou mais filhos, coabitando estes por vezes com os avós, sendo a subsistência quase uma guerra diária para obter o pão e quase nada mais e o trabalho restringindo-se ao campo, tal como os antepassados.


A obra deriva do projeto científico “Perfil Sociolinguístico da Fala Bracarense”, que foi coordenado por investigadores do Centro de Estudos Humanísticos da UMinho e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. José Teixeira recuperou 10 das 90 entrevistas feitas, procurando registar sobretudo transformações do espaço bracarense a nível sociológico e antropológico. “São janelas para conhecer modos de falar presentes na região e modos de vida ligados a uma ruralidade que se perde”, frisa.


Através da sinopse de "Falar(es) Bracarense(s), janelas da transformação de um espaço rural", ficamos com uma ideia do processo de seleção das expressões.

As entrevistas aqui selecionadas fazem parte de um estudo denominado “Perfil Sociolinguístico da Fala Bracarense”. São entrevistas a pessoas cuja idade, ao tempo em que foram feitas (entre 2012 e 2013), ia de pouco mais de quarenta anos a outras que tinham mais de oitenta. E nelas se revelam as principais perceções e modos de viver de uma geração, entre os anos 50 e o fim dos anos 70 do século XX. Elas permitem constatar como um casal podia ter 13 ou mais filhos, coabitando estes com os pais (e, às vezes, também com os avós); a subsistência era assegurada quase como uma guerra diária para a obtenção do pão, que, por vezes, era mesmo isso, apenas pão e quase nada mais; o trabalho era no campo, fazendo a mesma coisa que os antepassados tinham feito.

O livro de José Teixeira conta ainda com algum calão, para os mais "gandulos".




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